Guimarães em palavras Magno

Abro esse espaço para pessoas com um interesse em um ponto de vista desconhecido, sobre diversos assuntos. Aqui será o meu canto ou refúgio para idéias, reflexões e poemas. Sejam todos bem vindos. Magno.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

A janela












A janela embaçada de um hotel ou de uma casa.
A noite escura escondia o ato que ali se passava.
Aquela chuva descansava a rua e o mundo a sua volta.
De volta a janela, não se vê a porta.
Havia uma cansada senhora, em que o tempo a fez lamentar.
Sentada em uma cadeira de madeira com olhos fixos em pensamentos no passado, que a fizeram adoentar.
Mas não se trata da história de alguém.
O desejo de violetas na mão de um casamento em vão.
Violinos ao fundo da esquina, que da janela não se via.
A voz rouca do trovão deve ter dispersado a multidão.
Pois na rua não se via um sujeito caminhando sem direção.
Em dias como estes, a senhora toma chá com a solidão.
É eu sei, uma visita que pouco fala.
Mas fazer o que se era só ela que batia na porta da sala?
Ainda que lembranças de uma primavera, elas nos dão as costas, se vão e não nos esperam.
Nunca imaginei ter perdido para esse gigante inimigo.
Amigos de infância, hoje o tempo brigou comigo.
Arque rival bem sucedido.
Por que quando olhamos para o horizonte do mar, o tempo parece parar?
As mãos a se encontrar por dentro da areia fina.
Nem sempre parar é o mesmo que desistir.
Refleti que alguns erros e preceitos são fundamentais admitir.
Luzir o sol de expectativas boas é o mesmo que munir.
Coexistir em um conto de fada que o mundo inteiro aprendeu a assistir.
Perdoe a minha intenção, sem permissão, de reconstruir.
Invadir assim a sua vontade à parte de subsistir.
Permita-me parar de comentar como um poema.
E voltar ao ritmo que se iniciou sem padrão ou sistema.
O teorema é o seu próprio tema.


Aquele dia não foi mencionado na bíblia.
Um segundo ato, talvez.
Uma segunda chance de três.
Um concerto de ópera feito apenas de imagem.
O som feito de miragem de um deserto sem um tipo de paisagem.
Me pego fantasiando dias melhores.
Em que crianças ainda são crianças ainda menores.
Em que um sorriso de um pai não se apaga mais.
A fortaleza de uma mãe capaz de dissipar pesadelos irreais.
Irmãs e irmãos que nunca, nunca soltaram as mãos.
Nem sempre parar é o mesmo que desistir.


Tenho saudades daquela janela.
Debruçada ali, a vida parecia sempre mais bela.
Sei que muita das coisas que lhe digo não faz sentido ou razão.
Mas se tiver um tempo para se sentar, estarei aqui lhe aguardando para conversar.
Minha cadeira de madeira, duas xícaras de chá na escuridão.
Ah... e a propósito.
Prazer, me chamo redenção.


Autor: Magno Guimarães de Souza.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Aquarela











A aquarela se fez mais bela,
visto pelo olhar dela.
Quem disse que o sol não reluz a flor amarela?
É como a chegada antecipada da primavera.
Aquela em que os ventos sopram os navios e estufam o peito das velas.

Por elas o destino do mar, 
um dia há de se revelar.
Pois é breve a chegada da noite que vem o abraçar.
Derramaram um imenso silêncio na angústia do amar.
O labirinto de dúvidas veio se perguntar:
“O que há de se alimentar na sede dos frutos do amor sem recíproca?”.

Invicta vitória do tempo que nunca demora.
Embora pareçam fora de hora, 
é indiscutível a solução que de si aflora.
Pois o seu maior segredo não se encontra lá fora.

Autor: Magno Guimarães de Souza

O que mundou?













A tv. O que a gente não vê. 
O que a gente crê.

Política. Ilícita. Corrupta.

Injusta. Nossas culpas. Abrupta.

Religião. Morrer pelo pão. 
Venerar ajoelhado ao chão.

A tv. Escrever o que não se lê. 
A certeza sem saber o que.

Política. Interrupta. Bruta.

Injusta. Nossas mãos sujas. Nossas juras.

Religião. Não estender a mão. 
Ainda aprender a ser bom.

Legal. Real. As leis do mal.

Nossa marcha aguarda. 
Nossa mancha amarga. Grande sobrecarga.

O sonho. Sem dono. 
O maior coração tristonho.

Fé. Desistir de ficar em pé. 
A vida na marcha ré.

Legal. Imoral. A paz no caos.

Nossa marcha aguarda. 
O abandono embarga. 
Sozinho é nossa marcha.

O sonho. A morte a quem proponho. 
Dos nossos atos me decepciono.

Fé. Remar contra a maré. 
A morte de mais um Zé.

Uma poesia. Anestesia da alegria. 
As festas em folia.

Uma poesia. 
A lembrança em uma fotografia. 
A direção que não guia.

Uma poesia. Apenas mais uma teoria. 
Nossa doença sadia.

Uma poesia. A tristeza que ria. 
A nossa lágrima vazia.

Uma poesia. O sentimento da vadia. 
A vitória nas mãos da utopia.

Uma poesia. A escuridão que irradia. 
O sol que não nasceu de dia.

O mundo mudou o modo ou o modo mudou o mundo?
Ou será que tudo ficou mudo?

Autor: Magno Guimarães de Souza

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Amanhecer.











Encontre tempo para realizar seus sonhos, 
ainda que pareçam banais.
Porque ser feliz nunca é demais.
De que vale tudo isso sem um pouquinho de paz.

O sinal refleti, repeti a oportunidade.
É preciso ouvir o som da verdade.
O anti-som que em ti arde.
Abre a porta da simplicidade.
E só nos cabe silenciar o mundo das adversidades.
Um mundo de chantagens, onde o homem sobe a partir de alguma vantagem.

O homem acredita conhecer o saber.
Pois não crê naquilo que não vê.
Tão cego quanto o sentido de perder.
Rever nossa consciência é mais do que um dever.
Daí percebemos que viver a vida não se trata de sobreviver.
E sim despertar dentro de nós o amanhecer.


Autor: Magno Guimarães de Souza

O circo da vida.











Hoje é dia de ser amado.
Hoje é dia de ver João e Maria.
Hoje é dia de ir ao circo local animado.
Hoje é dia de viver dia após dia.
Um reflexo de nossa alegoria.

Quem diria que o circo seria encantado.
Sorrisos, pulos, animais, um verdadeiro espetáculo montado.
Uma breve angústia passageira ficou apagada.
Encontrar a flor das emoções e seus sentidos revirados.

Ah doce sensação de ponderação.
É sempre inédito quando se fala de amor e das coisas do coração.
A princípio tudo parece figuração, ilusão.
Mas logo a imagem se vai e nos envolvemos na verdadeira ficção.
Mentira ou não, o que vale é a emoção.

O mágico tirou o coelho da cartola.
O pesado elefante conduzido andou sobre a bola.
O palhaço pintado e colorido tinha uma flor em seu peito que chora.
O domador de leões foi tão assustador. que fez alguns irem embora.

Ah! Mais as canções.
Barulhentas, cheias de mistérios.
Gargalhadas, brincadeiras, mas tudo levado muito a sério.

Hoje é dia, de sentir a alegria da vida.
A viva alegria do dia.
Quem me permitiria revelar suas mentiras?
Você diria que o mundo gira e que eu entrei na sua lista, na sua mira.

O louco inspira o sóbrio.
Só os que se arriscam sobem ao pódio.
Como podemos viver no meio de tanto ódio?

Odeio reverenciar a tristeza.
Aquele ar de rudeza.
Batendo palmas pela sua braveza.
Sorrindo lhe oferecendo avareza.
Fazendo a baronesa viver na pobreza.

Oh surpresa! Como vives no meio de tanta nudeza?
Seria proeza da natureza, sofrer por amor e oferecer gentileza.
Teríamos que ter firmeza para não nos sentirmos mais uma presa.

Ainda que os ventos soprem.
Não mordem o amor forte.
O trote das palavras em ordem.
Tudo isso não se trataria de sorte.
A morte deixa em cada um de nós, um corte.

Autor: Magno Guimarães de Souza